Conhecida tradicionalmente como uma doença de desordem motora, a doença de Parkinson (DP) é caracterizada também por problemas nas funções cognitivas e aspectos neuropsiquiátricos, que apresentam interferência na qualidade de vida. Cerca de 25% dos pacientes com DP apresentam déficits cognitivos. Dentre as principais funções cognitivas afetadas na DP estão as funções executivas. Entretanto, pouco se sabe sobre os efeitos de intervenções não farmacológicas sobre as funções executivas de pacientes com DP. Diante do exposto, o objetivo do estudo foi: comparar o efeito de dois programas de intervenção, um motor (exercícios de mobilidade) e outro cognitivo, sobre as funções executivas em pacientes com DP. Participaram do estudo 30 pacientes com DP, sendo 15 mulheres e 15 homens, que foram distribuídos em dois grupos: grupo Mobilidade (GM), com atividades para melhorar a mobilidade e a aptidão física dos pacientes, e grupo Ativamente (GA), com atividades cognitivas e de interação social. Ambos os grupos frequentaram sessões duas vezes por semana, com 1 hora de duração, durante um período de oito meses. As funções executivas foram avaliadas, antes e após as intervenções, por meio do teste Wisconsin de Classificação de Cartas – versão modificada. O teste é composto por 4 cartas de estímulo e 48 cartas respostas. Os pacientes foram instruídos a combinar as cartas resposta com as cartas de estímulo, seguindo as dicas apresentadas pelo avaliador que, no caso, pode apenas responder certo ou errado. Os pacientes devem descobrir as combinações corretas (que pode ser por cor, número ou forma). A cada 6 acertos consecutivos, o avaliador muda a combinação e o paciente deve mudar a estratégia escolhida. Para a análise estatística foi utilizado o teste de análise de variância (ANOVA), two-way, com fatores grupo (GM e GA) e momento (Pré e Pós). A ANOVA não identificou diferença significativa nos momentos pré e pós ou interação entre os fatores. Os resultados sugerem que as funções executivas de pacientes com DP respondem de maneira similar aos estímulos oferecidos pelos dois programas testados (Mobilidade e Ativamente). Apesar de não terem sido evidenciadas melhoras significativas entre as avaliações pré e pós em ambos os grupos, é preciso considerar o caráter progressivo da DP na interpretação dos resultados. Ambos os programas conseguiram estabilizar o progressivo declínio das funções executivas durante os oito meses do estudo. As limitações do estudo incluem o pequeno número amostral e a ausência de um grupo controle que não recebesse estímulos motores ou cognitivos.