Introdução:
No Brasil, os acidentes e as violências configuram um problema de saúde pública de grande magnitude, que tem provocado forte impacto na morbimortalidade da população (MALVESTIO & SOUSA, 2002). Como resposta governamental, em 2003, foi instituída a Política Nacional de Atenção às Urgências (PNAU) que regulamentou a área de urgência por meio de um conjunto de portarias e documentos. O primeiro componente a ser implantado em todo território nacional foi o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) (BRASIL, 2000; BRASIL, 2003).
O SAMU é composto por Centrais de Regulação Médica das Urgências, atendimento aéreo, ambulancha, motolância e veículo de intervenção rápida e as equipes de atendimento das unidades de suporte básico, suporte avançado. Essas últimas, também chamadas de UTI’s Móveis, compostas pelo médico, enfermeiro e condutor socorrista, habilitada para as ocorrências mais graves ou com maior risco de agravamento (BRASIL, 2001; BRASIL, 2006; BRASIL, 2011; SCARPELINI, 2007).
Este trabalho objetiva descrever e analisar o perfil das vítimas atendidas e das características dos atendimentos pelas Unidades de Suporte Avançado (USA - UTI Móveis) de um serviço instalado em uma capital do nordeste brasileiro.
Métodos:
Trata-se de um estudo transversal, retrospectivo, com abordagem quantitativa por meio de uma análise estatística descritiva. O período analisado foi o ano de 2015, considerando o pólo do SAMU Natal, capital do Rio Grande do Norte. Os dados são provenientes do software Sys4Web, sistema de informações utilizado pelo serviço, liberados mediante apresentação de solicitação formal à prefeitura do município. A tabulação e análise foram operacionalizadas no software Microsoft Excel 2016. As variáveis analisadas foram: sexo, faixa etária, tipo de agravo, quantidade, distribuição por dia da semana, mês e local. Excluíram-se os trotes, além dos dados duplicados e referentes a outros atendimentos que não de suporte avançado.
Resultados e discussão:
Do total de chamadas (25.368), 20,8% (5.340) necessitavam suporte avançado, entretanto apenas 9,3% (2.380) das solicitações resultaram em atendimento efetivo. Observou-se uma predomínio de vítimas do sexo masculino em 56% dos acionamentos (3.007), bem como dos pacientes nas faixas etárias de 20-39 anos e 60 - 79 anos, as quais juntas somam quase metade (45%; 2.410) das solicitações.
Os chamados de suporte avançado para atendimento clínico representaram 57% (3.421) das requisições das USA’s. Nota-se uma certa constância entre os meses do ano, destacando-se um maior concentração de acionamentos nos fins de semana.
Os achados assemelham-se a estudos de outras regiões do país demonstrando uma considerável demanda dentro do sistema por suporte avançado de vida (PEREIRA & LIMA, 2006; RESENDE, 2012). A elevada participação dos atendimentos com caráter clínico também refletem o agravamento de quadros que poderiam ser resolvidos na atenção básica. (MINAYO & DESLANDE, 2008)
Conclusões:
O serviço se mostra como ferramenta estratégica e essencial para a saúde pública local com excelentes resultados dentro de sua proposta e que sinaliza a necessidade de maiores investimentos não só na rede de urgência e emergência mas também na porta de entrada preferencial do SUS, a atenção básica.