É inegável o papel que a internet cumpre na contemporaneidade. Ela desempenha função central em nossa vida econômica, social e cultural. Com a influência de aplicativos web, como mídias sociais on-line (Facebook, Twitter, Instagram, Snapchat etc.), o internauta passa a publicar conteúdo na rede digital que compete com grandes portais. No entanto, esse internauta é cada vez mais faceless (sem face), pois pode mentir/omitir seu nome, sua idade, sua profissão, sua condição financeira, sua cultura, sua religião, seu grupo social, dentre outras informações, só para participar de determinada página, site, blog etc. Isso porque, aparentemente, não temos um sujeito pessoa física, com registro, endereço, CEP etc. O que temos é um sujeito que ocupa uma posição axiológica e que pode navegar por diversos espaços virtuais. Nesse contexto, constitui objetivo desse trabalho analisar o perfil desses “novos” sujeitos que interagem nos ambientes virtuais, revelando suas marcas sócio-histórico-ideológicas e seus posicionamentos axiológicos. A fundamentação teórico-metodológica insere-se na linha da Análise Dialógica de Discurso (ADD), fundamentada no pensamento de Bakhtin e o Círculo. Compõe o corpus do trabalho a postagem feita por uma professora do Departamento de Letras da Pontifícia Universidade Católica do Rio (PUC-Rio), ironizando um passageiro do Aeroporto Santos Dumont, no Rio, em 2014. A professora fotografou um homem, que no momento usava camiseta regata e bermuda, e publicou na sua rede social com a seguinte legenda: "Rodoviária ou aeroporto?” Tal publicação gerou muita polêmica e inúmeros comentários. O resultado da análise aponta que o sujeito virtual (faceless) nem sempre tem consciência sobre quem é o seu interlocutor (auditório) imediato ou qual o tamanho da repercussão do seu discurso. Assim, faz-se necessário conhecer seus interlocutores para que seu discurso seja inteligível ao outro. O artigo também aponta, em sua interface com o ensino, que o sujeito-aluno nunca é passivo ou neutro, mas dialógico, heterogêneo, social, ideológico. O professor, por sua vez, é um mediador que convoca seus alunos à interação discursiva, abrindo a sala de aula para a pluralidade dos discursos.