Resumo: Este trabalho se propõe discutir a constituição de comunidades de leitores de sagas ou livros em série. Para tanto, ancoramos essa discussão nas concepções advindas do Círculo de Bakhtin no que concerne à concepção dialógica de linguagem que considera o sujeito historicamente constituído na relação com o outro e os discursos gestados no enfrentamento das forças centrípetas e centrífugas; em Garcia Canclini quanto à visão de cultura, de hibridismo e de colecionar/descolecionar e nas reflexões sobre juventudes e cultura juvenil advindas de diferentes pensadores. É inegável que práticas de leitura se gestam em espaços e tempos à margem da instituição escolar. Também é inegável que essas práticas de leitura dão visibilidade a trajetórias de leitura que nem sempre têm como centralidade a coleção que a escola, historicamente, apresenta/defende como patrimônio a ser incorporado pelos jovens em seu processo de formação. Assim, Interessa-nos problematizar como se constituem essas comunidades e como se dão as práticas leitoras em torno de obras que se colocam fora do cânone e da “boa leitura” defendida pela instituição escolar/familiar ou qualquer outra detentora da responsabilidade de formar leitores. Investigamos, em uma pesquisa maior da qual se recorta essa proposta, como esses jovens se organizam em comunidades de leitores para a produção e para o compartilhamento de saberes e de experiências, constituindo-se tais práticas como uma forma de sociabilidade de uma cultura juvenil que engendra novas formas de atuar na contemporaneidade. Utilizando entrevistas individuais e coletivas, a construção dos dados encontra-se em andamento. A pesquisa se insere na área da Linguística Aplicada e se orienta por uma perspectiva qualitativa que constroi os dados a partir do método indiciário de Ginzsburg.