Ao longo da história as mulheres lutaram por igualdade de direitos, como também, empenharam-se na busca pelo respeito ao seu espaço na sociedade. No entanto, a voz da mulher negra ficou abafada devido à representação feminista ser praticamente configurada por mulheres brancas. A partir disto mulheres negras inconformadas com as condições de luta que não enfatizavam seus ideais, protagonizaram no final da década de 1970, no Brasil, o início do movimento feminista negro. O feminismo negro não apresentava apenas o ideal de equivalência entre homens e mulheres, o movimento foi além lutando contra o racismo que, a priori, viu-se estabelecido dentro do movimento de luta do próprio gênero. Diante disto, não existe apenas um discurso imerso na luta social, há várias vozes que se sobressaem e transpassam o tempo. Cada discurso congrega com a ideologia em que o enunciador está inserido, ou seja, suas palavras estarão intimamente ligadas à defesa na qual representará. Objetiva-se neste estudo demonstrar as vozes discursivas presentes nos cordéis Feminismo Negro e Dora, a negra e feminista, de autoria da cordelista Jarid Arraes, a fim de apresentar o aspecto de defesa que está presente na obra como forma de combate ao racismo, evidenciado a enunciação do “eu-lírico” que enfatiza a representatividade da mulher negra dentro do contexto que está inserida. Terá como aportes teóricos estudos voltados para análise do discurso e da linguagem literária. Os resultados destacam a importância da literatura como mecanismo de reflexão de temas sociais polêmicos, pautando formas de pensar e de reagir ante aos fenômenos sociais.