Este trabalho apresenta reflexões sobre o gênero textual debate e a sua sistematização em livros didáticos de Língua Portuguesa no Ensino Fundamental II. Dessa forma, partimos da premissa de que os gêneros textuais orais estão presentes no cotidiano de qualquer falante de uma língua, já que fazemos uso da linguagem a partir de práticas sociais, materializadas em gêneros orais e escritos nos diferentes contextos sociocomunicativos. Logo, considerando as particularidades da modalidade oral da Língua Portuguesa, entendemos que se faz necessário discutir sobre o lugar que o ensino da oralidade ocupa na escola, pois acreditamos que o aluno deve interagir nas diferentes situações comunicativas (orais e/ou escritas). Assim, este trabalho objetiva analisar as atividades destinadas à abordagem em sala de aula, com o gênero em questão, no intuito de identificar as concepções de linguagem e ensino (GERALDI, 2009; TRAVAGLIA, 2008) que embasam a sistematização das atividades presentes nos materiais didáticos analisados. Dessa forma, amparamo-nos em Bakhtin (2009) para uma perspectiva sociointeracionista da linguagem; em Marcurschi e Dionísio (2007), Fávero, Andrade e Aquino (2012), e Ramos (1997) para refletir sobre a modalidade oral da língua; Forte-Ferreira (2014) para a discussão sobre o gênero textual debate; Cruz (2012) e Mendes (2005) para tratar da oralidade em materiais didáticos. Para tanto, como corpus, analisamos 3 coleções de livros didáticos de Português do Ensino Fundamental II, aprovadas pelo Plano Nacional do Livro didático (PNLD), entre os anos de 2011 até 2016. Os resultados apontaram que a sistematização das atividades se apresenta de forma insuficiente para o trabalho com a oralidade, pois, dentre os 12 livros analisados, apenas 05 trazem o gênero textual debate como ferramenta para o trabalho com a língua oral. Além disso, as atividades propostas, para serem desenvolvidas em sala de aula, se apresentam de forma superficial pelo fato de o material seguir as concepções de língua como “expressão do pensamento” e como “instrumento de comunicação”, além das concepções de ensino como “prescritivo e/ou descritivo”, desse modo, a prática com o gênero textual debate em sala de aula não contempla o contexto social e interacional de um ensino produtivo.