O objetivo do presente trabalho é compreender como as categorias de biopoder e corpos dóceis encontradas em Foucault podem ser aplicadas ao estudo da Fertilização In vitro por meio da aplicação do Diagnóstico Pré-Implantacional Embrionário (DPG) e ao Projeto de Lei nº 11/2015. Os resultados da pesquisa permitem compreender uma política legal por meio do Projeto de Lei nº 11/2015 que determina a construção de corpos dóceis a nível genético, uma vez que pretende-se atingir o corpo, a nível genético e produzi-lo de acordo com padrões previamente estabelecidos como corpo saudável. Além disso, o Diagnóstico Pré-Implantacional Embrionário (DPG) também revela como se é possível programar corpos geneticamente para se objetivar obter uma vida otimizada ou melhorada. Isso decorre, porque o Diagnóstico Pré-Implantacional Embrionário (DPG) é uma ferramenta utilizada durante o procedimento da Fertilização In vitro (FIV) com o objetivo de dar condições aos médicos e pais a selecionar o melhor embrião para a implantação no útero materno, assim, através dessa técnica torna-se possível separar entre embriões com prováveis doenças genéticas e embriões sadios. Dessa maneira, tal seleção entre embriões criopreservados leva a construção de duas categorias: embrião viável e inviável. A determinação de um embrião viável e inviável está diretamente relacionado a dois critérios, a presença de doença genética (exemplo: síndrome de down, síndrome de turner, anemia falciforme e entre outros), bem como a probabilidade de se gerar uma gravidez na implantação no útero materno. Portanto, o uso da técnica viabiliza uma otimização do procedimento da fertilização in vitro, uma vez que aumenta a probabilidade de gravidez e se gerar uma pessoa normal, sem doenças genéticas. Outro ponto importante do diagnóstico é permitir que os pais possam também ter acesso a um determinado embrião selecionado para gravidez futura e doação para irmãos mais velhos, isto é, alguns pais buscam na fertilização in vitro a obtenção de um embrião perfeito geneticamente, para servir de doador para o irmão mais velho, destarte, a técnica do diagnóstico permite também a seleção do melhor embrião a nascer. Isso ocorre, porque em determinadas circunstâncias, o embrião não basta apenas não ter doença genética ou ser viável para implantar no útero, pois para esses casos mencionados, se procura na fertilização o código genético perfeito ou ideal para servir de doador, portanto, tem-se um bebê por encomenda para servir de doador para a família. Ademais, tal procedimento ganha relevância e destaque quando por meio do Projeto de Lei nº 11/2015, se discute a legalização do uso do diagnóstico para se evitar doenças genéticas as futuras gerações, haja vista se está garantindo uma vida digna a aquela que ainda irá nascer, por meio da preservação do seu código genético, sendo para tal o código genético saudável. Essa realidade social nos levou a pensar como o diagnóstico pré-implantacional embrionário nos revela um discurso que disciplina os corpos e os sujeitos.