O presente artigo traz uma comparação das concepções clínico-terapêutica e sócio-antropológica em torno da pessoa surda, sob a ótica das categorias identidade e diferença dos Estudos Culturais da Educação, tendo como base analítica as considerações de um surdo adulto, integrante da comunidade surda e também funcionário publico efetivo da rede municipal de ensino de João Pessoa-PB, sobre o que ele entende por ser surdo. A pessoa surda aqui é compreendida através de dois sentidos principais: a clínico-terapêutica ou da deficiência (anormal) e a sócio-antropológica ou da diferença (normal). Os discursos homogeneizadores e normatizantes, assim como, os processos de produção social e de identidades e diferenças são postos em cena, dialogando diretamente com a fala do sujeito entrevistado e constituindo o chão da discussão. O caráter cultural, político, histórico e social se apresentam como elementos fundamentais para o entendimento no confronto das concepções abordadas. Envolto à discussão identificamos o redimensionamento dos discursos em torno da pessoa surda, bem como a resistência do povo surdo na luta pela legitimidade dos seus modos de ser e estar no mundo. Concluímos evidenciando e justificando a concepção sócio-antropológica como superior do ponto de vista epistemológico, político e educacional, concordando com a ideia da diferença e da identidade que tira o surdo do lugar do anormal e da invisibilidade afirmando suas identidades.