O presente texto é resultado da Pesquisa realizada no Programa de Pós-Graduação em Educação e Diversidade (PPED), pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB) e financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (FAPESB), intitulada A Neurociência na pesquisa da prática docente: intervenções nas aprendizagens dos estudantes, a qual investigou as contribuições da neurociência para o planejamento de intervenções docente em classes de alunos do 3º ano em defasagem idade/série. A abordagem da nossa pesquisa está ancorada nas contribuições da neurociência, numa dimensão para além dos aspectos biologizantes, haja vista que nos processos de aprendizagem aportam aspectos biológicos, cognitivos, psicológicos, culturais e subjetivos complexos. Nosso estudo investigativo foi definido como pesquisa-ação colaborativa. Apresentamos neste artigo os resultados do levantamento de dados realizado com o grupo de colaboradoras formado por 06 professoras do Ensino Fundamental I da sede da cidade de Remanso, a partir da aplicação do questionário estruturado com aplicação mediada como dispositivo de pesquisa. As questões propostas neste instrumento apontavam para uma discussão sobre o estudo e as contribuições da neurociência para a educação. A partir dos dados deste dispositivo foi possível mapear o nível de contato/conhecimento que as respondentes tinham sobre a área de estudo da neurociência. As colaboradoras foram unânimes em considerar que a neurociência pode contribuir no planejamento de intervenções no processo de aprendizagem das crianças repetentes com defasagem idade/série. As professoras, apesar de não conhecerem os processos de organização neuroanatômico e neurofuncionais, deixa evidente a clareza quanto à existência de um processo intrínseco ao sistema nervoso central. Nesse caso, tem suas percepções muito próximas do que preconizam Pântano e Zorzi (2009), os quais afirmam que falar de aprendizagem e negligenciar os mecanismos cerebrais responsáveis pelo ato de aprender, conservar, recuperar e associar conhecimentos, significa desconsiderar um dos principais componentes responsáveis pelo processo evolutivo humano. Em meio aos resultados de grandes pesquisas, não faz sentido negar a importância do funcionamento mental como base para as aprendizagens e nesse contexto o professor enquanto ensinante/coordenador, aquele que direciona o ensino, precisa conhecer os meios pelos quais o cérebro se articula para constituir memórias e por meio destas fazer escolhas e poder atuar interna e externamente. Sem dúvida que a neurociências ao fazer descobertas significativas acerca de como o cérebro funciona, pode colaborar para que questões relativas ao ensino e à aprendizagem sejam melhor entendidas. Como possível resultado da articulação desses conhecimentos com a educação, é possível a otimização das possibilidades docentes como mediadores no desenvolvimento humano de seus alunos. Os resultados aqui apresentados, demonstram que essa percepção também se faz presente nas falas das professoras, indicando uma interessante predisposição para ampliar seus conhecimentos. O que muito, no que diz respeito à alfabetização, contribuiria para lidar com a problemática do fracasso escolar nos 3 primeiros anos do Ensino Fundamental. Cabe aos gestores, fomentarem situações de formação continuada que propiciem a aproximação dos avanços advindos de estudos neurocientíficos com a educação.