Na esteira da modernidade, a ciência e a tecnologia – que deveriam ter servido tão somente de trampolim para o progresso civilizatório – também se tornaram símbolos de dominação. O problema não é inato à tecnologia, mas tange o uso desvirtuado de seus potenciais por parte de seres humanos que tendem a conceber desenvolvimento civilizatório como manipulação científica do mundo, fabricando nele horizontes instrumentais de uma racionalidade que não dialoga com outras fontes de sentidos da existência humana. Tangendo esse cenário crítico, este estudo assume como objeto o projeto de formação humana da paidéia grega aplicado à contemporaneidade. Quer pensar o que a paidéia tem a nos propor em termos de progresso civilizatório, tendo em vista os potenciais de desenvolvimento da tecnociência na contemporaneidade e os atuais desafios da promoção de uma humanidade mais humana. Para isso, investiga os fundamentos do ideal grego de paidéia para assim analisar a relevância e a atualidade dos caminhos éticos por ela propostos no que tange o desafio contemporâneo de usarmos de modo humanizado/civilizado os potenciais teóricos e práticos das ciências e das tecnologias disponíveis. Nessa esteira, esta investigação parte da hipótese de que o verdadeiro progresso civilizatório da humanidade passa pelo desenvolvimento de uma nova cultura humana cuja concepção de civilidade e de progresso parta de princípios éticos que respeitem a complexidade do humano, considerando que o sentido integral de sua existência transcende os limites impostos por lógicas sistêmicas que – invadindo a educação – burocratizam a vida, reduzindo “ser” a “ter”, “viver” a “produzir”, “sabedoria de vida” a “ciência e tecnologia”.