NETO, Francisco Leandro De Assis. . Anais XII CONAGES... Campina Grande: Realize Editora, 2016. Disponível em: <https://editorarealize.com.br/index.php/artigo/visualizar/18749>. Acesso em: 19/11/2024 05:34
A literatura de cordel, por quase um século, foi considerada representante de uma região notadamente ligada a uma tradição na qual eram reforçados os ideais masculinistas, patriarcais e falocêntricos: o Nordeste brasileiro. Este artefato literário, não-raro, foi tomado como representante do “espírito nordestino”. Contudo, por meio deste artigo, pretendemos analisar duas personagens cordelísticas presentes nas obras "A mulher que virou homem no Sertão da Paraíba e casou-se" (SILVA, 1970) e "O homem que virou mulher" (CAVALCANTE, s/d), que permitem uma nova visada sobre o cordel nordestino, bem como a reformulação do imaginário temático sobre o qual versa esta literatura. Obras que apresentam personagens dissidentes da heteronormativiade e que propiciam o diálogo entre um gênero literário secular e teorias contemporâneas como os Estudos de Gays e Lésbicos até a Teoria Queer. Buscamos neste trabalho revelar que o cordelista se volta para assuntos de sua época, dentre eles a sexualidade, que o gênero cordel pode discutir de forma séria e livre temas relacionados á sexualidade humana sem que imprima em seus enredos preconceitos já tão cristalizados na sociedade brasileira.