Este artigo tem por objetivo discutir a representação de personagens femininas traçando-se alguns paralelos entre as obras Senhora, de José de Alencar; e Dona Narcisa de Villar, de Ana Luísa de Azevedo Castro. A partir de aspectos problematizados e discutidos como característicos das escritas feminina e masculina propostos por Brandão (2006), discutiremos o modo de representação das personagens nas referidas obras e aspectos da construção simbólica das suas protagonistas, considerando o momento histórico e o movimento estético nos quais as obras estão inseridas, neste caso, o Romantismo, considerando as visões de Carpeaux (2012) e Falbel (2011) acerca desse movimento. Quanto à construção da identidade de gênero, Butler (2003) afirma que ela não é definida biologicamente, mas é socioculturalmente construída, compreendida num descontínuo. Com isso, percebemos que Aurélia Camargo e Dona Narcisa de Villar são personagens femininas, cuja construção simbólica se apresenta de modos diferentes entre elas, embora sejam praticamente contemporâneas. Consideramos que o lugar de onde se fala identifica e direciona o discurso e a escrita do autor, podendo haver rupturas com as características do movimento estético no qual as obras são configuradas.