A ecomorfologia fundamenta-se na ideia de que diferenças morfológicas existentes entre as espécies podem estar associadas à ação de diferentes pressões ambientais e biológicas por elas sofridas. Uma das principais hipóteses a ser testada, é que uma possível associação entre morfologia e ecologia, de maneira que a morfologia típica de um habitat deveria ser aquela que garante o melhor desempenho nesse habitat, como exemplo, características morfológicas, como o tamanho da cabeça e o comprimento da mandíbula, também costuma estar relacionados ao tipo de dieta ou a outros aspectos relevantes da vida do animal. Os lagartos da espécie Tropidurus hispidus ocupa os mais variados tipos de substratos: rochas, tronco de árvores, troncos caídos, pilhas de lenha, cercas de fazendas, muros, paredes, no chão e outros. Já a espécie Tropidurus semitaeniatus é um lagarto exclusivamente saxícolas apresentando cabeça e corpo achatados, o que possibilita o uso de fendas nas rochas como abrigos. Visando identificar as diferenças morfológicas entre estas espécies e como elas podem estar relacionadas ao tipo de habitat ocupado por estas espécies, foram mensuradas 14 variáveis morfométricas e analisadas por meio de uma análise discriminante. Os resultados desta análise indicam que o comprimento rostro clocal, altura da cintura escapular, comprimento da cabeça e a altura da cintura escapular como as principais diferenças morfológicas entre as espécies estudadas. Estes resultados podem ser associados ao tipo de microambiente utilizado por estas espécies. Uma vez que segundo predições biomecânicas, lagartos de áreas rochosas devem ter a cabeça e corpo planos, extremidades anteriores largas.