O presente artigo resulta de um projeto de pesquisa mais amplo sobre educação popular e movimento social, promovido pelo Núcleo de Pesquisa Outras Economias (NOEs) no estado de Pernambuco, e busca colaborar com a reflexão acerca da vivência e experiência, no cotidiano de uma Organização Não-Governamental (ONG), do princípio da dialogicidade da educação popular, por meio de uma análise biblográfica sobre educação popular e movimento social, além do próprio estudo de caso. Intenta, no entanto, contribuir na problematização das condições teórico-práticas da corporificação dos princípios desta educação. Especial destaque é dado às relações estabelecidas entre os integrantes da ONG. Parece-nos crucial perceber as contradições, as controversas e os dissensos que permeiam as práticas socioeducativas dos movimentos sociais no contexto atual. O percurso metodológico escolhido para o desenvolvimento da pesquisa em causa aproximou-se do método de Estudo de Caso Alargado (Extend case method), que se encontra na chamada ciencia reflexiva à etnografia. A observação participante pariférica foi a abordagem metodológica escolhida, uma vez que foi estabelecido um determinado grau de implicação com o terreno, no intuito de captar a visão de mundo dos sujeitos. Como um dos resultados desta pesquisa, foi possível concluir que os princípios da educação popular - aqui destacamos o princípio da dialogicidade - são, por vezes, bastante subvertidos na cotidianidade de movimentos sociais e ONGs. Subversão esta que torna-se condição limite para o desenvolvimento de práticas socioeducativas enquanto educação libertadora e práxis (ação transformadora).