Este trabalho traz uma análise do curtametragem Vida Maria (2006) realizada com uma amostra das mulheres voluntárias atendidas pelo CRAS/ Areia-PB, em dois grupos de encontros semanais, sendo um de jovens e outro de idosas. A atividade foi desenvolvida pelo Programa de Extensão “Quem disse que as mulheres não podem? Educação em Direitos, Esportes e Saúde” (PROEXT/MEC/2015) . O filme apresenta uma região pobre do semiárido brasileiro e a rotina doméstica de mães e filhas, cedo impedidas de estudar para se ocupar nas tarefas domésticas, história que se repete. O objetivo do estudo foi identificar a percepção das mulheres sobre o direito à escolarização para meninas e mulheres, bem como estimular a consciência crítica para o usufruto deste direito. A coleta de dados foi realizada por meio de um debate orientado por roteiro predefinido, com entrevista de grupo junto às mulheres jovens. Os resultados apontam que não ocorreu a percepção da desigualdade de gênero no prejuízo da escolarização para as meninas e mulheres, sendo predominante a naturalização do papel doméstico às mulheres e suas consequências negativas. Assim, é possível constatar que ainda não há pleno usufruto do direito à escolarização por parte delas e que este prejuízo não é devidamente considerado como questão de gênero para as meninas, nas perspectivas individual, social e histórica. Para a discussão dos resultados, são adotados os conceitos de androcentismo e violência simbólica conforme Bourdieu (2005).