Ao refletirmos sobre corpos femininos hoje, se faz necessário repensar sobre a história das mulheres que, por muito tempo, foram banidas, silenciadas. O opressor sistema patriarcal fez (e ainda faz) com que a sociedade conservadora dite/ditasse as ações, os pensamentos, e em especial as linguagens femininas em padrões pré-estabelecidos, fazendo com que, por exemplo, seus corpos fossem, para além de objetificados, percebidos e/ou descritos como posse e recompensa. Tais formas de opressão e dominação sobre as mulheres nos faz observar uma longa trajetória de violências (diversas delas) fazendo com que, até hoje, seus corpos estejam ligados às vítimas de dores, subalternização e sofrimentos. Com isso em mente, nossa proposta de debate, de teor interdisciplinar entre a História e a Literatura, é discutir as violências em corpos femininos na sociedade contemporânea, perpassando por três gerações de mulheres de uma mesma família, a avô, a mãe e a filha, representadas através do romance de estreia Corpo Desfeito (2022), da escritora cearense contemporânea Jarid Arraes. Muitas das violências narradas perpassam o emocional, flertam com o simbólico, chegando até mesmo à física. A fim de melhor nos embasarmos teoricamente, trazemos para discussão um conjunto de estudos, tais como os de Del Priore (2009); Perrot (2012); Xavier (2021); Louro (2000); Matos; Soihet (2003) ao debaterem as questões de gênero ligadas ao corpo feminino.