A política de inclusão das pessoas com deficiência (PcD) no mercado de trabalho está baseada na Lei de Cotas, promulgada no início da década de 1990. Objetivou-se avaliar em profundidade a política pública de inclusão de pessoas com surdez no mercado de trabalho no município de Maracanaú–Ceará, Brasil. Foi realizado um levantamento junto ao SINE-IDT de dados sobre pessoas com surdez no mercado de trabalho. Foram realizadas entrevistas com questionários semiestruturados com um coordenador do IDT-SINE-CE e com quatro trabalhadores com surdez, com o auxílio de uma intérprete de LIBRAS. Foi utilizada uma abordagem qualitativa descritiva e a análise de discurso. Os dados atuais (fevereiro de 2024) mostram que existem cerca de 2.247 PcD empregadas nas empresas privadas de Maracanaú, sendo que a comunidade surda representa 15,9% desse valor (357 empregados). Os números, entretanto, são bem inferiores aos que poderiam ser se a Lei de Cotas fosse cumprida em sua totalidade. De modo geral, as pessoas com surdez entrevistadas disseram conhecer de forma superficial a Lei de Cotas, embora reconheçam a importância dessa política pública. Eles acreditam que é preciso que a Lei de Cotas seja mais divulgada, e que deveria ser aumentado o percentual de vagas e mais oportunidades para as pessoas com surdez e outros tipos de deficiência. A falta de conhecimento de LIBRAS nas empresas é o fator que dificulta a comunicação e prejudica o desempenho dos trabalhadores com surdez. Destaca-se também a ausência total ou parcial de comunicação visual e alarmes sonoros, bem como a falta de apoio das empresas privadas para a formação continuada das pessoas com surdez. Em geral, a análise dos discursos permitiu identificar diferentes formas de pensar e de agir dos trabalhadores com surdez, no tocante à legislação e à realidade do mundo do trabalho à sua volta.