Apesar das controvérsias acerca do conceito de “Lugar de fala”, a partir de leituras e estudos realizados na obra do codoense João Batista Machado, “Imaginário codoense”(2012) e “Histórias do Fundo do Baú”(2011), percebeu-se o aflorar dessa importante temática, na medida em que, ao longo das narrativas memoriais ou históricas desse autor, a voz feminina mostra-se, às vezes, expressiva de poder de decisão dentro de alguns ambientes, a exemplo do seu exercício de fala no contexto familiar ou mesmo em espaços mais amplos da sociedade em que está inserida. Por outro lado, os textos também mostraram que essa mulher trazida à tona pelas histórias de João Batista, outras vezes, também é submetida a falas que se impõem como autoridade, em geral, a voz masculina representativa, por excelência, do modelo de sociedade patriarcal extensamente representado nesse conjunto de textos. Assim, interessadas nessa identificação e análise, pretende-se neste estudo compreender esses “lugares de fala”, tanto do ponto de vista das questões de gênero, mas, também conforme as próprias figuras femininas de personagens assim revelarem ou sugerirem. O conceito em destaque é largamente utilizado na esfera das diversas políticas em sociedade. Expressão já utilizada por estudiosos de destaque tais como Bordieu e Foucault, optamos por adotar o termo “lugar de fala” já exercitado por muitos(as) pesquisadores(as) do conjunto dos estudos brasileiros, tais como no livro “Lugar de Fala”, da filósofa Djamila Ribeiro em 2019, ou Carla Cecília Rodrigues Almeida e José Antônio Martins (2010), quando asseveram que “lugar de fala” “ ... não é um lugar neutro, ao contrário, é demarcado por assimetrias expressas na distribuição desigual de recursos simbólicos e materiais”. Com essas ideias norteamento, enveredou-se por essa trilha conduzida pelos escritos do autor codoense e desse modo contribuir para os estudos literários e das mais diversas representações históricas da mulher em sociedade.