As pressões sociais vivenciadas por mulheres no tocante aos cuidados com os filhos e com a manutenção das relações familiares, tendem a representar um tipo de dominação decorrente da construção de papeis de gênero, que se manifesta em diferentes formas de produção de violências simbólicas. Somando-se às desigualdades vividas por mulheres no âmbito privado, há um total descaso e despreparo das empresas, instituições de ensino e órgãos públicos quanto ao acolhimento de profissionais e estudantes mulheres que precisam estar acompanhadas dos seus filhos no seu ambiente de estudo ou trabalho. Estamos falando de mulheres trabalhadoras e assalariadas, que, além dos cuidados com a casa e com os filhos, precisam responder de modo produtivo às agências de financiamento e serem eficientes no seu posto de trabalho e profissão. Cotidianamente, observamos que há uma ausência de banheiros adequados, fraldários, creche e brinquedoteca para os filhos de professoras e estudantes mães que ingressam nas universidades públicas, o que vem a comprometer a formação acadêmica e a qualidade de vida dessas mulheres. Desse modo, o trabalho apresentado trata-se de uma pesquisa em andamento, que tem como objetivo central analisar como as desigualdades de gênero, expressas na múltipla jornada de trabalho e na falta de assistência estudantil, impactam a formação acadêmica e na qualidade de vida de estudantes mães universitárias. Devido à importância da pesquisa e sua contribuição para a investigação do problema proposto, busca-se compreender como a maternidade e a múltipla jornada são vivenciadas e significadas por essas mulheres, de acordo com os marcadores de raça, classe, geração e território. E quais são as práticas de resistência individuais e coletivas que as estudantes mães têm construído para superar as desigualdades de gênero e os desafios da múltipla jornada no campo acadêmico. Para isso, utilizarei dos estudos interseccionais para a análise dos dados coletados.