O interesse pela temática da inclusão tem origem na minha experiência de vida duplamente atravessada pelo autismo. Sou mãe de um adulto, dentro do espectro, e professora do Atendimento Educacional Especializado (AEE), atuando na escola pública. Essa circunstância favoreceu substancialmente uma relação dialógica com os familiares dos meus alunos. Admitida no mestrado, concentrei-me na problemática: como se dá a inclusão escolar e social de crianças autistas, considerando os limites e as possiblidades para sua efetivação. O objetivo geral deste estudo foi investigar, na perspectiva das famílias de crianças autistas matriculadas numa escola da rede pública municipal de Fortaleza, as suas concepções e experiências acerca dos limites e possibilidades para a efetivação da inclusão escolar e social. Os objetivos específicos: identificar os impactos do diagnóstico de autismo nas famílias; conhecer o que entendiam por inclusão; analisar o que apontavam como dificuldades e possibilidades, a partir de suas experiências, para que se efetivasse a inclusão escolar e social. A pesquisa, de natureza qualitativa, dispôs de estudos bibliográfico, documental e de campo, com base nos pressupostos epistemológicos e filosóficos, de fundamentação teórica e prática cotidiana. A coleta de dados se deu a partir da observação direta e entrevistas semiestruturadas, consonante à aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP). O materialismo histórico e dialético foi o método tomado para a análise de dados. Os resultados apontaram para situações de estresse familiar frente às dificuldades de acessibilidade aos serviços de diagnóstico e acompanhamento terapêutico; não saberem lidar com os comportamentos disruptivos provocados pela hipersensibilidade sensorial e sobrecarga emocional, gatilhos para as crises; e o alto custo das novas demandas trazidas pelo autismo. Outrossim, as lutas cotidianas foram citadas como símbolo de resistência e a escola, apesar dos tensionamentos, foi considerada um espaço com potencial inclusivo.