A Beata Maria de Araújo foi religiosa e protagonista de um fenômeno sobrenatural em 1889. O Padre Cícero ministrou uma hóstia para a Beata, aconteceu que essa hóstia se transmutou em sangue, repetindo-se por diversas vezes. Sendo colocado a prova, o fato passou a ser considerado milagre. Mas, o pensamento colonialista da época contrariou todas as expectativas e sintetizou toda negativa numa máxima, que um religioso da época proferiu: Jesus Cristo não deixaria a Europa para fazer milagres no Brasil. Assim, a Beata Maria de Araújo emerge na atualidade como símbolo de resistência contra o pensamento colonialista, por ser mulher e preta, soma-se como bandeira contra o racismo estrutural e a equidade de gênero. O objetivo deste artigo é discutir o conceito de descolonização em relação ao protagonismo da Beata Maria de Araújo no seu tempo, considerando a resistência em manter-se fiel às suas convicções religiosas frente a colonialidade religiosa que investiu no propósito de silenciá-la da história. A metodologia foi o estudo bibliográfico e pesquisa participante através de vivências nos eventos realizados pelo Movimento Pró-memória da Beata Maria de Araújo. Encontramos resultados que mostram que a Beata foi pioneira na consolidação das romarias, que fortaleceu o catolicismo popular sertanejo, mesmo com toda romanização negando o milagre, contrariando as expectativas europeias de Jesus não faria milagre no Nordeste, o povo romeiro manteve-se fiel ao lado da Beata Maria de Araújo e do Padre Cícero.