O presente trabalho se trata de uma investigação dos livros “O médico e o monstro”, de Robert Louis Stevenson (1886), e “O alienista”, de Machado de Assis (1882) e suas relações com as ciências buscando identificar possibilidades e potencialidades pedagógicas para a utilização dessas obras literárias no ensino de Ciências da Natureza. Esse estudo visa analisar como se pode refletir, a partir das obras, sobre o conhecimento científico e o fazer Ciências, considerando os papéis dos personagens e das discussões apresentadas nas obras, além de explorar como essas narrativas podem ser utilizadas para enriquecer o ensino das Ciências, construir relações interdisciplinares com o ensino de Linguagens e apoiar a construção de abordagens pedagógicas que facilitem a aprendizagem. A metodologia de análise literária e de suas relações com a Ciência utilizada foi baseada no trabalho de Piassi (2015), que propõe uma abordagem interdisciplinar integrando análise do saber científico, análise semiótica e dos signos linguísticos, bem como a exploração de alegorias e conjecturas. Esse método permite examinar como as narrativas literárias representam práticas e dilemas científicos, além de abordar seus conteúdos e processos, assim como as relações políticas e sociais das Ciências. A análise revela que ambos os autores utilizam a ficção para criticar e refletir sobre a prática científica, suas consequências éticas e as questões relevantes presentes nas sociedades brasileira e britânica do século XIX. É possível concluir que as duas obras oferecem valiosas lições sobre os limites éticos da Ciência e a complexidade da natureza humana, sendo recursos importantes para debates interdisciplinares no ensino que facilitam a elaboração de abordagens didáticas.