Nos países latino-americanos o neoliberalismo age com políticas comerciais baseadas na exportação de riquezas naturais colaborando para a manutenção do grande latifúndio, busca implantar o individualismo em detrimento às formas coletivas e à solidariedade social, ou seja, há uma ânsia por consumir a natureza e também as nossas subjetividades. Nesse sentido, de acordo com Streck (2013), uma das características da Educação Popular é acompanhar o movimento da sociedade, buscando sempre novos espaços para a sua realização. O objetivo deste trabalho é refletir acerca dos princípios fundamentais da Educação Popular no enfrentamento ao neoliberalismo na América Latina. Trata-se de estudo bibliográfico no qual dialogamos com Salama (2020), Anderson (2020), Freire (2021) acerca o ideal neoliberal com seu poder devastador, bem como Strack (2006), Farls-Borda (2015) e Barbosa (2020b) entre outros pensadores latino-americanos sobre a Educação Popular para a resistência ao neoliberalismo no século XXI. De acordo com Barbosa (2020b), ao descolonizar pensamentos e corpos, tendo como ponto de partida a cosmovisão e ethos com o território, reivindicamos outros modos de ser e de se posicionar social e politicamente. A dimensão onto-epistêmica fundamenta subjetividades e tem como matriz o “buen vivir” como um princípio essencial dos direitos humanos e da natureza em contraposição ao “vivir mejor” defendido pelo neoliberalismo. Desse modo, destacamos a descolonização do pensamento e dos saberes numa dimensão onto-epistêmica e os princípios da sociologia sentipensante de Farls-Borda (2015) como contraposição ao neoliberalismo no século XXI, bem como pontuamos experiências de Educação Popular na América Latina que avançam na contramão do projeto neoliberal. Com os processos de Educação Popular, dizemos à ordem opressora – como na canção do grupo porto-riquenho Calle 13 que dá título ao nosso trabalho – “tú no puedes comprar mi alegría, tú no puedes comprar mis dolores".