Foi um rio que passou em minha vida... Este trabalho parte da discussão do estudo de bacias hidrográficas e a relação dos movimentos dos corpos hídricos aos movimentos de nossos corpos e emoções. As atividades foram realizadas com alunos do 6º ano do Ensino Fundamental. Através da compreensão da estrutura de uma bacia hidrográfica, incluindo o rio principal, seus afluentes e os diversos percursos que as águas podem seguir, o objetivo do trabalho foi para além de dominar o conteúdo de Geografia, mas proporcionar a expressão de sentimentos e reflexões sobre os caminhos da vida do próprio aluno. A cartografia ensinada em sala de aula, traz tradicionalmente uma proposta composta por elementos e princípios técnicos que enfatizam a objetividade de informações. Aqui, buscamos uma forma de representação espacial que promove outras formas de expressividade. Partimos de uma perspectiva teórico-metodológica de Rolnik (2016), em que o ato de mapear passa a mexer com a criatividade e com o afeto, ou seja, da cartografia do afetar e do ser afetado dos corpos vibráteis de uma geração. A inspiração surgiu da canção "Foi Um Rio Que Passou Em Minha Vida", de Paulinho da Viola. Os alunos cartografaram suas próprias bacias hidrográficas, entendendo que a nascente seria seu nascimento e a foz, o que gostariam de desaguar para o mundo. No percurso do rio, expressaram suas vivências e emoções, entendendo que cada movimento das águas, seria uma representação de suas vidas, assim como os afluentes seriam novos conhecimentos, pessoas, etapas, que agregariam nesse corpo hídrico. Essa atividade não só promoveu o entendimento dos aspectos físicos e geográficos das bacias hidrográficas, mas também permitiu uma introspecção emocional e pessoal, conectando ciência e arte de forma criativa e significativa.