O presente artigo traz recortes dos discursos de pesquisadoras, professoras em programas de pós-graduação de instituições de ensino superior públicas brasileiras, problematizando o produtivismo acadêmico e suas consequências. A pesquisa realizada no ano de 2024 entrevistou três pesquisadoras de instituições públicas e programas de pós-graduação distintos, situados no Estado de Minas Gerais. A coleta dos dados se deu por meio de entrevistas narrativas, realizadas individualmente, fora do ambiente acadêmico. A escolha das entrevistadas se deu por conveniência, devido ao seu fácil acesso, concordância em participar da pesquisa após serem comunicadas de seu objetivo, e por apresentarem idades, áreas de atuação, estado civil e situação de parentalidade diferentes, a fim de se obter informações de perfis diversos. Não obstante a riqueza dos dados coletados, uma vez que cada entrevista teve duração média de 90 minutos e diversos assuntos serem abordados, elegeu-se apresentar e discutir neste artigo recortes dos discursos que têm tons de desabafos e críticas acerca da maternidade e parentalidade, autocuidado, trabalho doméstico e tempo livre, tendo como contexto, a vida laboral e pessoal dessas pesquisadoras e as exigências por produtividade acadêmica demandada a elas pelos seus próprios programas de pós-graduação e pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal do Ensino Superior - CAPES. Os achados revelam que não obstante pertencerem a uma “casta” intelectual, as mulheres enfrentam toda sorte de dificuldades. Evidenciam que a opressão de gênero ultrapassa as barreiras etárias, de classe e acadêmicas, exigindo muito mais da mulher, para se manter e ascender no mundo científico, área forjada historicamente como masculina.