A formação do leitor literário, como toda prática social, se faz na vivência cotidiana. Por isso, pensando no espaço escolar estruturante nesse processo, observamos que a leitura literária, por vezes, costuma ser inserida de forma pontual em projetos especiais ou associada apenas à disciplina de Língua Portuguesa. No entanto, compreendendo-a como essencial na construção de um comportamento leitor, propomos aqui pensar na prática da leitura literária como ação permanente, intencional e significativa. Isso porque, entendemos que o papel docente como mediador é, antes de tudo, garantir o acesso das crianças a livros diversos de literatura, bem como refletir sobre a recepção das mesmas e as suas percepções da atribuição de sentidos diante dos textos literários. A partir dessa concepção, no Ensino Fundamental Anos Iniciais, do Colégio de Aplicação da Universidade Federal de Roraima, docentes que atuam do 1º ao 3º ano desenvolveram uma análise da prática de “leitura diária” com o objetivo de compreender de que maneira as crianças das turmas construíram suas relações com os livros ilustrados ao longo desse período, quando envolvidos por mediações diárias. Para tanto, dialoga-se com estudiosos como Araújo e Silva (2015), Bordini e Aguiar (1988), Candido (2011), Coelho (2000) e Corsino (2010). Nesse estudo, constatou-se que a mediação literária promove a vivência imaginativa e a construção de novos sentidos no âmbito da cultura escrita. Percebeu-se, ainda, ao identificar e explorar os conhecimentos prévios e as expectativas dos alunos, que o professor/mediador pode apresentar situações que questionem e ampliem o repertório do grupo, propondo leituras que cada vez mais rompam com suas expectativas e os façam pensar de maneira crítica. Além disso, quando envolvidos por um trabalho literário contínuo, as crianças ressignificam o momento de leitura, ampliando suas análises para outras situações de cultura escrita.