A partir da leitura de A nobreza de Estado, de Pierre Bourdieu (2013), objetivou-se propor uma análise sobre como funcionam as formas escolares de classificação entre os agentes no campo escolar, como as categorias de classificação se engendram no campo escolar e como são estruturadas. De acordo com a teoria proposta pelo autor, essas categorias conduzem a processos hierárquicos de posição nesse campo, diferenciando estudantes e exercendo efeitos sobre suas relações na escola e seus resultados. A relação que os estudantes têm com a cultura escolar é fruto de esquemas mentais predispostos, esquemas que fazem com que sejam produzidas diferenças sistemáticas entre eles e a relação deles com a cultura escolar. Diferenças hierarquizantes entre suas predisposições. Esses esquemas mentais são construídos anteriormente, nas relações familiares e entre os pares. Assim, quando o campo escolar valoriza as predisposições mais livres de uma relação direta com a cultura escolar, valoriza os esquemas que estudantes das classes nobres apresentam e que estudantes das classes mais subalternizadas não podem apresentar, pois não tiveram a possibilidade de desenvolver esse tipo de predisposição em suas relações cotidianas. Assim, quando a escola valoriza predisposições apresentadas pelos estudantes das classes nobres, está valorizando características desenvolvidas por essas classes, logo, produzindo diferenciações sociais. Entretanto, pertencer a uma ou outra classe não é um “pré-destino”. Há alunos das classes nobres que não demonstram na relação com a escola suas “predestinações” e há alunos das classes médias ou populares que, nessa relação com a cultura escolar, demonstram capacidade de desenvolver disposições a serem também valorizadas pela escola. Desse modo, a tentativa de equilíbrio mantém-se sob o prisma de que a relação entre o capital cultural não escolar e a cultura escolar possuem fortes vínculos com as diferenciações sociais, mas não se colocam socialmente como estruturas rígidas e fixas, cabendo intercâmbios.