O presente trabalho apresenta a análise de entrevistas semiestruturadas com membros da comunidade Guarani, que residem na cidade de Rio Grande/RS. O objetivo foi compreender, pelo viés histórico, como ocorria o cuidado das crianças indígenas, de origem Guarani, na década de 1980. Neste estudo, elementos como a compreensão dos conceitos de criança e cuidado, bem como, a relação cultural das crianças com a comunidade foram abordados. Destaca-se que as infâncias brasileiras são múltiplas. Todavia, pensar sobre o protagonismo de infâncias pertencentes a comunidades historicamente marginalizadas no país ainda se apresenta como algo necessário. Nesse sentido, a História Cultural e a História oral foram escolhidas como aportes teórico-metodológicos desta pesquisa. Essa configuração, deve-se a sua abrangência e vasta gama de possibilidades de análises. A História Oral centra-se na memória humana e sua capacidade de rememorar o passado enquanto testemunha do vivido. Além disso, ela tem sido não somente enriquecedora, como em muitos casos, necessária. A escassez, ou lacunas, de informações faz dos relatos orais, uma interessante fonte de dados. Entre os resultados desta pesquisa, destaca-se a compreensão dos Guaranis de que o cuidado das suas crianças estava associado a uma responsabilidade coletiva, assumida por adultos que viviam reflexos do cenário ditatorial. Além disso, afirmam o papel da figura materna no estímulo da autonomia infantil e o fato de que o cuidado era permeado por práticas tradicionais que envolviam elementos da natureza.