A Educação Profissional e Tecnológica (EPT) se constitui como modalidade de ensino pautada na articulação entre ciência, cultura e tecnologia, fundamentada no trabalho enquanto princípio educativo. Historicamente, predomina a atuação de bacharéis e tecnólogos na docência das disciplinas técnicas, oriundos de diferentes áreas que desconhecem os saberes intrínsecos ao fazer pedagógico e os preceitos que fundamentam a EPT. Nos cursos das ciências agrárias não é diferente. O ensino agrotécnico se expande no país durante a Revolução Verde e os técnicos em agropecuária atuam na extensão rural como difusores de pacotes tecnológicos. A necessidade de repensar o ensino agrícola surge no contexto da EPT em 2008, quando é criado pela Secretaria de Educação profissional e Tecnológica o “GT do Ensino Agrícola”, que elaborou o documento “(Re)significação do Ensino Agrícola da Rede Federal de EPT”, que trata, dentre outras coisas, da necessidade de ampliar a discussão, difusão, pesquisa e aplicação da Agroecologia e de capacitar profissionais capazes de atuar mais competentemente junto aos arranjos produtivos da agricultura familiar e dos movimentos sociais. A ampliação da qualificação e capacitação docente é recorrentemente mencionada nesse documento. A demanda por profissionais aptos para lecionar nos cursos agrotécnicos fez com que em 1963 fosse criado o curso de Licenciatura em Ciências Agrícolas (LICA) na UFRRJ. O curso se consolidou, passou a ser ofertado também por outras instituições, foi reformulado e atualmente é destinado a formar profissionais para atuar no ensino agrícola, educação do campo, na pesquisa e extensão rural. Atualmente, o curso é ofertado majoritariamente em Institutos Federais, que tem seus processos formativos orientados pela concepção da EPT. Esse trabalho contempla uma análise das diretrizes da EPT e do Projeto Pedagógico do Curso do LICA do Instituto Federal Catarinense, confrontando-os com documentos que norteiam o ensino agrotécnico na Rede Federal de Educação profissional e Tecnológica.