As hierarquias produzidas por discursos hegemônicos e contra-hegemônicos estabelecem padrões e normas que, acabam moldando políticas e práticas educacionais em todo o mundo. Ao fazer isso, podem desafiar estruturas de poder existentes, a fim de promover uma educação mais inclusiva e equitativa em nível global. No entanto, também podem silenciar ou marginalizar necessidades e aspirações de países menos desenvolvidos. Neste contexto, este estudo busca compreender discursos de interculturalidade e de internacionalização promulgados por organismos internacionais no campo da educação superior. Trata-se, portanto, de uma pesquisa contrastiva, que foi realizada por meio da análise de conteúdo, tendo como corpus de análise 10 documentos emitidos pela UNESCO e OCDE, entre os anos de 2008-2023. Para auxiliar na análise e categorização dos dados utilizamos o software qualitativo MAXDQA. Como aporte teórico nos pautamos em autores referência no campo da interculturalidade como Megale e Dell'olio e Martinez e da internacionalização como Morosini e Fávero e Trevisol. Os principais resultados enfatizam a educação superior como um catalisador na atual sociedade do conhecimento, com discursos sumariamente orientados para a promoção da igualdade, equidade e formação para a cidadania global. Contudo, no que se refere aos discursos para a interculturalidade a ênfase é dada no ensino de línguas, com predominância de línguas anglo saxônicas, como o inglês. Já para a internacionalização, o discurso é promulgado a partir de indicadores de desempenho e cooperação internacional. Sendo assim, ressalta-se a partir dos resultados, que os discursos de organismos internacionais para promoção da interculturalidade e internacionalização são sustentados pelo capitalismo educacional transnacional.