O trabalho versa sobre valorização da cultura africana e afro-brasileira no ambiente das aulas de matemática, cultura que sofre com o racismo presente na estrutura da sociedade brasileira, tendo em vista que nos espaços acadêmicos e na educação básica raramente é usada como referência. Em se tratando especificamente da área da matemática, essa valorização acaba por ficar menor, acredita-se que isso ocorre devido ao entendimento equivocado de que os conhecimentos matemáticos estão ao alcance de poucos “iluminados”, porém estes conhecimentos apenas carregam consigo um eurocentrismo originado no seio do subjugamento histórico e forçado de outras civilizações à civilização europeia. Busca-se evidenciar que conhecimentos matemáticos são desenvolvidos por todos os povos dentro da necessidade de compreender o mundo em sua volta. Um elemento que carrega muito da cultura da civilização que o desenvolveu é o jogo. Jogos, principalmente lógicos, estão na humanidade há milênios, a exemplo, o Senet, um dos jogos mais antigos, datado de em torno de 2575 a. C. . Usa-se como principais referências bibliográficas Ubiratan D’ámbrosio (1996, 2005), Paulus Gerdes (2012), Cunha (2016; 2019), a Base Nacional Comum Curricular (BNCC, 2017) e apoia-se no que ampara a Lei 11.645/08, que torna obrigatório a discussão e abordagem da cultura africana e afro-brasileira além da cultura dos povos originários. O principal elemento explorado é o jogo Dosu, do país africano Benin, de múltipla escolha. Atestou-se que a utilização do Dosu para assuntos de probabilidade no ensino médio, baseados nas competências e habilidades previstas na BNCC, é eficaz, evidenciando que, além de possível, se faz necessário, pelo contexto social de tentativa de apagamento da cultura negra da sociedade brasileira, que esses assuntos sejam explorados, principalmente na área de matemática, trazendo um lado mais humano desta ciência e um viés antirracista para as aulas.