sertão é um dos mais fortes conceitos gerados pela intelectualidade e cultura brasileiras com o intuito de encontrar explicações para a pergunta: “o que é o Brasil?”. “Enlaçando imagens, ideias e emoções, o sertão se estabelece como uma estrutura mítica, geográfica e atemporal, da descrição que conta a conquista da civilização pela nação brasileira em seu devir”. O “sertão” também está em outras artes como a pintura, o teatro, o cinema e, especialmente na música. Ocupando ainda ambientes amplos nos meios de comunicação, antigos e atuais: em revistas, jornais, rádios e também na televisão, inspirando programas humorísticos, casos especiais e diversas novelas. Pensa-se que nenhuma outra classe, no Brasil, tenha sido arquitetada por vias tão variadas. Nota-se ainda que nenhuma se arraigou tanto na história brasileira, com representações tão relevantes e diversificados e que se identifique tanto com a cultura brasileira: “O sertão está por todo lugar; o sertão está dentro da gente”, conforme a retórica rosiana. Nesse contexto de sertão, especifico do século XIX, vários intelectuais brasileiros produziram uma literatura que enaltecia as particularidades geográficas e humanas do sertão, como método de autoafirmação. Simultaneamente, existia uma literatura regional ufanista que compreendia um sertão que era cantado em verso e prosa de maneira a aclamar sua natureza e seu povo, nota-se nos versos do poema “na roça” de Alípio Bandeira (1915). “O sertão” de Juvenal Galeno (1904) e “Vida sertaneja” de Rocha Moreira (1914), que mostram o sertão como um local agradável e “a imagem de um sertanejo que tem uma experiência social muito dinâmica, elaborada num dia a dia onde fazem parte as árvores, as novenas, as festas, os animais domésticos, a família e a alegria de viver”. É por meio desses discursos literários que empreenderemos nossa análise sobre um sertão (em) cantado, lírico e prosaico.