Vários estudos apontam a importância de ambientes diversos para fomentar a criatividade e soluções inovadoras. Com a Matemática não deveria ser diferente, porém, infelizmente, há pouca representatividade de pessoas que não são homens brancos. Esse perfil tanto é presente nos fatos históricos, quanto para docentes e estudantes universitários, principalmente nos bacharelados. Em muitas escolas brasileiras a realidade no ensino médio é bastante desafiadora em relação à participação, engajamento e curiosidade em relação à Matemática. Pesquisas recentes publicadas pela norte-americana Jo Boaler utilizando achados de neurociência revelam que promover atividades abertas, valorizar o erro, incentivar uso de diferentes representações e permitir a formação de equipe são estratégias fundamentais no ensino de Matemática, promovendo assim uma relação mais positiva com a disciplina, melhores resultados em avaliações e uma aprendizagem mais significativa. No Brasil, temos algumas distinções no tecido social impostas pela colonialidade que perduram até os dias atuais, como o racismo e a misoginia. Afinal, a experiência estudantil nas aulas de matemática é racializada? Há um reforço ao estereótipo de gênero quando se fala em quem é responsável pela produção matemática que acessamos? Pessoas com deficiência sentem que podem aprender matemática? No estudo de caso apresentado realizado em uma escola agrícola de Pernambuco, utilizou-se a matriz metodológica para estudos descoloniais e a pesquisa bibliográfica para discutir como as relações de Saber, Ser e Poder estão presentes nas aulas de Matemática. Em seguida, a partir de pesquisa estruturada (uso de formulário e análise estatística) contendo afirmações baseadas nas sugestões de Boaler, foi possível compreender como estudantes da escola percebem sua relação com a Matemática, se a percepção de estudantes de grupos minoritários se diferencia e se há variação na percepção em estudantes de diferentes momentos do Ensino Médio.