Em 2015, em alusão à Década Internacional de Afrodescendentes declarada pela Organização das Nações Unidas (ONU), na cidade de Vitória de Santo Antão, interior do estado de Pernambuco, foi lançado o Projeto Conversas de Negro que consistia em atividades diversas, principalmente, rodas de conversas que abordavam temas relacionados ao racismo e à negritude. Um dos seus propósitos foi de oportunizar discussões e reflexões, durante todo o ano, acerca das relações étnico-raciais. Desta maneira, ultrapassava a ideia de promover atividades sobre o racismo apenas no mês de novembro. Este projeto foi concebido e promovido pelo Grupo de Estudos Outras Pedagogias (GEOP), hoje, conhecido por Ação Ubuntu. Apesar do referido projeto não ter tido como campo o contexto escolar, teve efeitos nas práticas docente e educativa dos membros do GEOP. Desta forma, o presente texto espelha reflexões coletivas deste grupo sobre a experiência do projeto e seus sentidos. Como objetivo, procura discutir os impactos e efeitos do projeto, a partir do autoconhecimento da identidade negra de uma das autoras, em suas práticas docente e educativa no Ensino Fundamental. Como aporte teórico-metodológico, utilizamos conceitos como identidade negra e negritude na escola propostos por Nilma Gomes e, também, outras pedagogias, de Miguel Arroyo, entre outros. Também fizemos uso da escrevivência como recurso de pesquisa, apoiando-nos nos escritos de Conceição Evaristo. O conhecimento produzido pelas experiências do Projeto foi transposto didaticamente, em uma contextualização lúdica, para a sala de aula. Entre os resultados obtidos, podemos destacar: i) o reconhecimento, por parte da autora, de sua negritude, gerou o sentido de pertencimento étnico-racial dos/as aluno/as; ii) a ampliação da compreensão da Lei 10.639/2003 em sua relação com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação; iii) a urgência e importância de tratar na educação infantil conteúdos (antirracistas) circunscritos às relações étnico-raciais.