Este trabalho é um recorte dos resultados obtidos na nossa pesquisa de Mestrado, desenvolvida no Programa de Pós-Graduação em Letras – PPGL, da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), defendida em 2014. Aqui, a tônica é a velhice versus a sexualidade, já que Maria Angélica, personagem central do conto “Mas vai Chover”, presente em A Via Crucis do Corpo (1974) de Clarice Lispector, apresenta forte apelo erótico, vivendo, motivada pela chegada da velhice, a dualidade e reconhecendo a existência de um não-eu, a partir da relação e dos conflitos que essa consciência desencadeia. Nessa perspectiva, objetivamos analisar como ocorre a chegada da velhice e de que forma a sociedade encara essas mudanças, como bem fala Simone de Beauvoir em seu livro A Velhice (1990). Analisaremos também o modo como se configuram aspectos da identidade e do envelhecimento, com o intuito de verificar como ocorre a construção da identidade, pois como concebe Goleman (1996) o corpo imaginado compreende o emocional e o racional na constituição do ser, envolvendo seus sentimentos e corpo físico está atrelado ao organismo biológico. Na narrativa, vemos a quebra dos tabus sexuais consagrados na tradição religiosa através das ações da personagem, mostrando a imagem da mulher liberta, sem medo de expor seus desejos e anseios, movida pela pulsão da vida.