CAMARGOS, Moacir Lopes De. Uma leitura do romance la guerra de las mariconas. Anais XI CONAGES... Campina Grande: Realize Editora, 2015. Disponível em: <https://editorarealize.com.br/index.php/artigo/visualizar/10884>. Acesso em: 19/11/2024 01:00
O objetivo deste trabalho é analisar o romance La guerra de las mariconas, escrito pelo autor franco-argentino Copi (1984). Para nossa análise nos apoiamos no conceito de corpo grotesco discutido pelo pensador russo Bakhtin (2000) e nas análises do pesquisador Alós (2013) sobre as masculinidades subversivas no romance latino-americano. Ainda tomamos como referencial os trabalhos de Butler (2000) sobre as questões relativas a gênero. Apaixonado por Conceição do Mundo, uma travesti brasileira, o narrador vive entre Paris, a cidade das luzes e do glamour, até Amazonas, a selva tropical e exótica que transpira erotismo. Nesses locais os dois personagens principais se juntam a uma plêiade de outras criaturas que povoam o romance e circulam por um mundo ora real, imaginário e, inclusive extraterreste. Nos percursos de suas aventuras, diversas discussões de gênero são postas em cheque por meio de uma linguagem explícita e direta, o que pode assustar os leitores iniciantes. No entanto, é justamente o engajamento com as palavras que dá poeticidade à narrativa e causa impacto ao texto com seus diálogos incisivos, permitindo o leitor mergulhar em um universo repleto de experiências sexuais e amorosas que questionam os padrões conservadores de sexualidade no mundo ocidental. Tal evidência é uma excelente contribuição que Copi nos mostra com seu texto inovador, ou seja, trazer a visibilidade homossexual à tona em uma época (anos 80) em que o tema ainda era considerado bastante tabu. Isso é evidenciado no uso de uma linguagem literária – revelada no corpo grotesco - que o escritor maneja com extremo domínio.