A presente pesquisa teve como objetivo abordar as narrativas de mulheres camponesas que se constituíram lideranças do Movimento Sindical dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais (MTTRs) no sudeste do Pará. O procedimento para realizar este trabalho foi entrevista de história de vida, com recurso metodológico da história oral, também foram utilizadas leituras bibliográficas e pesquisa documental na Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura do Estado do Pará (FETAGRI). O trabalho com as mulheres que se constituíram lideranças nos mostram que essas mulheres enfrentam inúmeras tensões, violência, mortes dos companheiros na luta pela/na terra e ainda enfrentam tensões dentro do próprio sindicato em que atuam por parte dos companheiros, causando uma desvalorização da atuação das mulheres, que ficam muito ligadas a assumirem secretarias, e de acordo com o levantamento de dados percebe-se que todas as secretarias de gênero tanto da FETAGRI quanto do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais (STTRs) são ocupadas por mulheres e os cargos de presidência há uma predominância dos homens em relação as mulheres. Mas apesar das dificuldades enfrentadas essas mulheres estão se reinventando e a participação delas nos STTRs está crescendo. E as experiências e participação na luta pela terra possibilitaram um processo de reconstituição de sua identidade social na questão do gênero. Estas lutas proporcionaram uma composição de novas aspirações pessoais e sociais. A memória e identidade passam a ser uma construção permanente e situada num processo sem fim.