O trabalho que aqui se apresenta trata da programática da Antropofagia elaborada por Oswald de Andrade, tendo em vista especificamente a abordagem da utopia antropofágica cujo corolário é o horizonte criativo e festivo do Matriarcado de Pindorama. O poeta e romancista paulista, nos primórdios do século XX, no período entre guerras, apresenta um projeto que encampa aspectos estéticos, culturais e políticos da realidade brasileira, ao mesmo tempo em que propõe a estes campos uma revisão profunda à luz da poética do Pau-Brasil e do conceito da Antropofagia. Ao longo dos ensaios do escritor, principalmente os elaborados nos anos 50, é possível acompanhar o repertorio de reflexões e influências de pensadores que norteou o conceito da Antropofagia, bem como a veemente defesa do autor em favor de uma utopia do matriarcado fundada na alegria e no espírito dionisíaco da natureza. Trata-se de uma utopia que abriga uma crítica feroz ao patriarcado e ao capitalismo.