O artigo apresenta uma reflexão sobre a relação do trabalho doméstico, a ergonomia e a lesão de esforço repetitivo, a partir de um olhar sobre a divisão sexual do trabalho. Leva em consideração a atuação da mulher na unidade doméstica e no desenvolvimento do trabalho doméstico, como a principal responsável por sua realização. Parte do princípio de que as atividades cotidianas e repetitivas sem a observação dos adequados procedimentos ergonômicos provocam consequências no corpo e na saúde da mulher, podendo ocasionar lesões de intensidades diversas. Esse adoecimento compromete o bem estar físico, a saúde e as relações que envolvem o ambiente doméstico. Essa interferência permeia o campo da ergonomia, ciência que prioriza a segurança do ambiente. Alguns estudos sobre a divisão sexual do trabalho abordam a divisão do trabalho doméstico entre os gêneros em diferentes sociedades e classes sociais, onde se destaca a herança do patriarcado e das relações desiguais entre homens e mulheres. Portanto, é imprescindível ressaltar a importância dos estudos que discutem a divisão sexual do trabalho, buscando soluções para as questões de saúde, além de outras. É preciso que se busque cada vez mais a equidade na divisão sexual do trabalho no espaço doméstico, de forma a garantir a mulher uma melhor qualidade de vida. Ao analisarmos a corporalidade em sua totalidade, pode-se concluir que esta segue uma linha social, cultural e histórica, difundindo a qualificação do individuo frente a sociedade na qual ele encontra-se inserido. Portanto, o trabalho é o alicerce a partir do qual homens e mulheres, trabalhadores e trabalhadoras têm acesso aos recursos e aos meios para viver e sobreviver, e não deve ser sinônimo de dor e desigualdade social, seja no espaço privado ou público.