Neste trabalho, investigou-se como crianças e adolescentes que vivem em famílias cujo casal parental é constituído por pessoas do mesmo sexo atribuem sentido a suas famílias. Participaram da pesquisa três crianças e um adolescente com idades entre 7 e 14 anos. Para a coleta de dados, foi utilizado um “álbum de fotografias” como estímulo para a narrativa de histórias por parte das crianças e do adolescente. Os dados coletados foram submetidos à Análise Discursiva em uma perspectiva foucaultiana. Os resultados mostram que, embora a orientação sexual ainda seja um empecilho para o reconhecimento social da paternidade ou maternidade, para os/as participantes, a delimitação de família tem como base a afetividade. Os laços sanguíneos não representam o único nem o mais importante determinante na delimitação de família. Dessa maneira, considera-se que apesar de o discurso dos/das participantes ser atravessado pela heteronormatividade, seus desejos, crenças e fantasias são reflexos de suas experiências pessoais e espelham as contingências de suas vidas.