O presente trabalho tem como objetivo abordar a temática de gênero e diversidade sexual na escola. Trata-se de um estudo de campo, desenvolvido numa escola de uma pequena cidade do sertão paraibano, cuja temática foi a diversidade sexual. Os alunos, público alvo do trabalho, pertenciam ao nono ano e tinham entre 12 e 15 anos de idade. Na sala de aula foi exibido o documentário intitulado Amanda e Monick que mostra a estória de duas travestis, uma delas vive da prostituição e a outra é professora. Como resultado da discussão do conteúdo do vídeo, percebeu-se que os alunos tinham muita curiosidade em torno do assunto, fizeram muitas perguntas e relataram que essa discussão nunca tinha chegado à escola, também em suas casas este assunto não entrava em pauta. Esta experiência mostra que a discussão sobre gênero e diversidade sexual nas escolas é necessária e urgente, e, levanta a seguinte questão: por que razão as escolas recusam-se em trabalhar com questões relacionadas à sexualidade? Os professores preferem silenciar-se quanto ao assunto e esta ausência de diálogo impede que a escola desconstrua visões errôneas, preconceituosas e discriminatórias a respeito da sexualidade. Muitos professores têm dificuldades em tratar desta temática porque para eles próprios este é um assunto tabu. De fato, como falar de algo que para si apresenta-se nebuloso e povoado de interdições? Além dessa questão pessoal, a grande maioria dos educadores não recebeu uma formação para trabalhar com a temática. Esses dois fatores concorrem para que não somente o silêncio, mas pequenas manifestações por parte de alguns professores denunciam o caráter sexista do ambiente escolar. Essas manifestações precisam ser questionadas, para não corrermos o risco de permanecermos sob os ditames de uma sociedade heteronormativa. Este tipo de postura contribui para que o espaço escolar seja palco de práticas homofóbicas, já que lá elas são consentidas e disseminadas. Quando se discute educação sexual, o viés biológico ainda é o mais ressaltado. Alguns adolescentes, devido ao conflito de identidade sexual que o preconceito e a discriminação lhes impõem, comentem suicídio. A situação ainda é mais acentuada quando se trata de travestis por conta das vestes que impedem que elas se escondam. A expressão da homofobia na escola tem sido denominada de bullying. Na nossa experiência em na sala de aula perguntamos aos alunos por qual razão a escola não discute a questão da sexualidade. Uma aluna disse: “é porque (a escola) tem medo de incentivar os alunos”. E esse medo não paira só na escola, mas também nos lares. Ele é alimentado perversamente pelo discurso religioso e homofóbico. Entendemos que levar a discussão da diversidade sexual para escola exige um esforço compartilhado da escola, da família e da sociedade civil como um todo, além do governo com a implementação de políticas públicas.