O artigo a seguir busca, através dos estudos sobre a história da família no Brasil, uma breve análise histórica dos arranjos familiares constituídos no país, do período colonial até a contemporaneidade, e suas relações com as normas estabelecidas de padrão familiar e as burlas desses padrões. Falar hoje sobre famílias no Brasil é falar sobre a diversidade. Porém, isto não quer dizer que no passado as famílias brasileiras fossem todas iguais. É difícil imaginar que um país de dimensão continental, de diversidade regional, cultural e econômica, abrigasse apenas um único tipo de arranjo familiar. Outros fatores, como os demográficos de migrações, imigrações e as oportunidades de trabalho e necessidades econômicas, fizeram e fazem da aquarela de famílias brasileiras um imenso caleidoscópio de cores. As mudanças do tipo comportamentais e de valores, bem como as taxas de natalidade, casamentos, uniões estáveis e divórcios, também vão contribuir para a diversidade nos modos de estar das famílias brasileiras ao longo do tempo. As formas como as relações de gênero, assim como questões raciais se estabeleceram e se estabelecem, vão dar sinais para que possamos compreender as dinâmicas destes arranjos familiares. Algo muito complexo, principalmente quando o assunto envolve subjetividades, redes de relações de poder das mais diversas. Desta forma, procuramos compreender como se deu a institucionalização dos discursos intencionais da Igreja, do Estado, das leis, e das elites, que buscavam o controle das massas, através da legitimação de padrões familiares considerados “civilizados” bem como suas rupturas e posterior reconhecimento legal e certa tolerância por parte da sociedade.