Neste trabalho, observamos as relações que dona flor conseguiu estabelecer com seus dois maridos, na perspectiva entre a obediência aos preceitos sociais e o desejo de realizar-se como mulher. Verificamos como essas paixões incomuns e arrebatadoras por esses dois homens, vigoram no seio da sociedade baiana. Colocamos em destaque a ascensão da mulher em uma sociedade patriarcal, onde a mulher não refletia sobre a situação de marginalização que sofria, seguindo um padrão de comportamento determinado pelos rígidos preceitos morais da época. Dona Flor, ao mesmo tempo que vivia sem poder expor publicamente seus desejos, uma vez que o mantinha ferozmente em seu interior, dividia-se entre um homem compulsivo e rebelde e outro controlado e metódico. Assim, os pressupostos teóricos de nossa pesquisa baseiam-se em autores como Pinto (2003), Del Priore (2006), Jacobina (1999), Foucault (1984) entre outros que dialogam com essa temática. Desse modo, pretendemos demonstrar a importância da obra “Dona Flor e Seus Dois Maridos”, de Jorge Amado, e desmistificar a imagem que há muitos séculos perseguiu as mulheres, como sendo seres frágeis, puros, regrados, angelicais e sem autonomia para tomar as suas próprias decisões, fossem elas sociais, culturais ou sexuais.