A presença dos afro-brasileiros na mídia nacional esteve historicamente pautada pelo reforço de estereótipos negativos. No entanto, essa mídia pode atuar como contraponto a inferiorização da imagem do negro. Por essa razão, diz-se que a atuação da mídia, na qual a atividade jornalística está incluída, é, entre outros fatores, determinante para a gestação de visões de mundo sobre os indivíduos e a sociedade. No jornalismo, os manuais e guias de redação, além de descreverem o estilo próprio dos veículos ao qual estão ligados, são os recursos mais utilizados para orientar os profissionais da área quanto aos procedimentos comportamentais e até ideológicos a serem seguidos em relação a determinados assuntos. A obra Guia para jornalistas sobre gênero, raça e etnia, de Angélica Basthi, movimenta-se na direção da construção de novos discursos, com especial atenção ao tratamento dado às mulheres nas práticas e processos midiáticos da sociedade brasileira contemporânea. Diante dessas questões relacionadas ao estudo da população negra no Brasil, sua relação com a mídia e as formas pelas quais os meios de comunicação podem combater a discriminação e o racismo, este estudo busca empreender análise abordando a importância desse guia na capacitação de profissionais de mídia, jornalistas e estudantes de jornalismo. Sob essa ótica, pretende-se analisar, em especial, as abordagens sobre as mulheres, que é o assunto do livro, em seus comportamentos, práticas e discursos, representações e imaginários, coletivamente ou de modo singular.