Não pretendemos neste trabalho limitar a luta da mulher do campo, mas dar visibilidade as condições a essas mulheres que vivem em uma situação de silenciamento engessada por valores tradicionais que dividem as atividades e comportamentos como naturais de um gênero ou de outro a partir de uma análise de suas manifestações culturais. Para além de trabalhos domésticos observamos sobre as mulheres do campo um nível de repressão implícito e uma forma de controle sutil. Onde a maioria destas mulheres são subordinadas aos seus pais, tios, irmãos e maridos e que têm maior dificuldade para se livrar de suas amarras, pois suas vozes são silenciadas de modo grosseiro, desdenhativo. Aquela vida sujeitada que atina para as diferenças tem sua autoestima esmagada pelo processo de naturalização que dificulta a visualização de um horizonte diferente. A oralidade da transmissão de ensinamentos que se consagra de geração em geração, as relações cotidianas, as manifestações culturais não permitem outra forma de percepção para tais mulheres. Mas de que forma essas manifestações demonstram ainda a subordinação das mulheres? Como uma análise de uma manifestação cultural revela a educação dos gestos femininos? A partir de tais perguntas as nuances desse trabalho começa a ser revelada. Este trabalho foi construído com início em uma experiência concreta feita a partir de uma dada realidade de modo que veio a garantir a oportunidade de obter dados dos quais a academia não destina atenção efetiva.