A heroína do romance Beloved, de Tony Morrison é retratada como o suprassumo da mãe virtuosa , uma mulher cujo amor materno não tem limites a despeito da dureza da escravidão, instituição que subvertia todos os relacionamentos e laços de parentesco. Como muitas outras crianças nascidas na escravidão, ela não havia conhecido a própria mãe. Num paroxismo de loucura diante da recaptura de uma fuga, a jovem mata a própria filha para impedi-la de voltar à escravidão. Este trabalho examina a condição da escrava negra, os danos ocasionados à sua psique e o ato extremo do infanticídio em nome do amor. Esse conceito de amor e segurança como motivação para o infanticídio é uma inversão do pensamento convencional peculiar à obra da autora. Melhor do que ninguém, Morrison retrata aquele momento cruciante com uma agudeza de sentimentos e uma clareza que seu mais versado leitor jamais questionará o porquê de tal ato. A questão central da obra não parece estar no fato de se aceitar o que Sethe faz e o porquê. Que mulher seria capaz de fazer tal escolha? Qual mulher seria audaciosa o bastante para agir como ela? Na caracterização da personagem Morrison retorna aos primeiros flashes de insight despertados pelos fragmentos: A protagonista é o tipo da mulher que amou mais que a si mesma, que colocou todo o valor da sua vida em algo além dela própria, seus filhos.