O nosso objetivo por meio deste trabalho é analisar a importância do uso de periódicos como fonte e/ou objeto de análise histórica, uma vez que eles são capazes de criar sentidos de realidade que se disseminam nas culturas. Para isso, trazemos como fonte/objeto de análise o jornal Lampião da Esquina, fundado em abril de 1978 e o primeiro a circular em âmbito nacional no que diz respeito á imprensa gay. Desta forma, analisaremos como ele constrói as representações sobre as sexualidades contra-hegemônicas no período de sua existência (1978-1981), para que possamos perceber as práticas daquele período no que tange ao tratamento dado aos sujeitos que se comportam fora da norma heterossexual vigente. A motivação para tal trabalho parte do incomodo de perceber que a imprensa gay atual está despreocupada com os assuntos que se referem à exclusão ou repressão desses sujeitos, e não só, mas também pelo fato de a sociedade brasileira ser capaz de assassinar um homossexual a cada 26 horas no país, fazendo nos perguntar qual seria o papel social da imprensa gay em relação a esse assunto. Tomar uma fonte como objeto, ainda mais sendo ela um meio de comunicação da imprensa, deve-se partir da premissa que ela não se constitui abstratamente, a imprensa seja qual for, é constituída por pessoas e interesses, e que cabe ao pesquisador ao analisa-la, observar a lógica dos discursos e esses interesses. Pretendemos assim dialogar entre o exame de um periódico e o que suas representações podem gerar para uma ou várias épocas.