Expressando-se de formas diversas, por vezes aparentemente independentes, as identidades se intercruzam nos espaços de afirmação de suas existências. O Ser e o Estar travesti muitas das vezes se confrontam nas contradições de seus discursos construtivos de suas existências. Este trabalho tem como foco a análise do Ser e Estar de uma travesti, tomando-se como base a desconstrução dos sujeitos que ela constrói nas existências de seu Ser e do seu Estar. Vale ressaltar que a pesquisa de campo se deu na cidade de Barra do Garças interior do Mato Grosso. A espacialização geográfica se impõe na elaboração das identidades que constituem os sujeitos. O gênero interpelado pela espacialização e pelas sexualidades existentes faz do Ser um sujeito em constante conflito com o Estar, ora feminino, ora masculino. Desta forma a desconstrução do Ser se dá pela discursividade na necessidade de afirmação do Estar masculinos nos espaços heteronormativos. As identidades são construídas, de acordo com Butler, no interior da linguagem e do discurso e, que segundo Foucault, uma investigação genealógica da constituição do sujeito supõe que sexo e gênero são efeitos, e não causas, de instituições, discursos e práticas. A discursividade demonstra que os significados são organizados por meio de diferenças em uma dinâmica de presença e ausência, ou seja, o que aparece estar fora de um sistema, já está dentro dele e o que parece natural é histórico. Assim, utilizaremos de um procedimento analítico que mostra o implícito dentro de uma oposição binária – desconstrução; mostrar é explicitar o jogo entre a presença e a ausência, a ideia de performatividade.