Esse trabalho surge de observações e desconfortos do meu ofício como professor de história há onze anos na rede pública de ensino do município de Soledade, Estado da Paraíba. Nesse período, tive a oportunidade de lecionar com uma certa variedade de livros didáticos. Verifiquei a presença de textos, mas sobretudo, de imagens, que reforçam a minimização e invisibilização dos africanos, principalmente, nas ilustrações do processo evolutivo. Por isso, iremos analisar as ilustrações em dois livros didáticos (Braick, 2011, 2014), adotados no Plano Nacional do Livro Didático (PNLD), do 6º (sexto) ano na Escola Municipal de Ensino de Ensino Fundamental (EMEF) Luiz Gonzaga Burity, Soledade, Paraíba. Considerando que os livros didáticos se utilizam de imagens, seja fotografias, seja diagramas, seja ilustrações, em tese, para facilitar o processo de aprendizagem das(os) estudantes. Cardoso; Maud (1997), indica que as imagens, ou seja, os signos icônicos, encontram facilidade para o estabelecimento de um diálogo imediato. Isso se dá porque eles criam uma percepção instantânea que é estabelecida na comunicação visual. Esse imediatismo fundamentaria o uso de artifícios icônicos com propósitos didáticos. O problema é quando as imagens, gráficos ou ilustrações comunicam algo distorcido, quando reforçam preconceitos e anunciam mais os ideais de quem as produziram do que informações necessárias para se obter conhecimento. Frente a isso, esse trabalho se justifica por debater e analisar a ausência de símbolos relacionados a presença de povos africanos no processo evolutivo nesses livros didáticos. Seu percurso teórico-metodológico está basicamente traçado em dois caminhos: na revisão bibliográfica dos principais quadros que fundamentam a discussão sobre livros didáticos e no estudo da semiótica para análise das ilustrações. Nossa fonte primária foram os livros didáticos selecionados. O recorte temporal se dá entre os anos de 2011 a 2016. O recorte geográfico é o município de Soledade, Estado da Paraíba. O objetivo é identificar a presença do racismo como elemento estrutural nessas ilustrações. Com isso, modestamente, pretendemos ampliar a discussão sobre as representações simbólicas dos povos africanos estampados nas páginas dessas publicações. Esperamos também que esse texto sirva de ferramenta para se perceber como outras ilustrações são construídas.