O Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) é uma das principais formas de ingresso no ensino superior no Brasil. O objetivo do Enem é avaliar o desempenho dos estudantes no final do ensino médio e avaliar a qualidade do sistema de educação brasileiro. Entretanto, sendo o Brasil um país de dimensões continentais é de se esperar que o sistema de ensino não seja igualitário, havendo locais com escolas melhores estruturadas do que outras, bem como pessoas com diferentes classes econômicas ou de diferentes grupos sociais. Visando tornar o acesso ao ensino superior igualitário, foi criado no Brasil o sistema de cotas para o Enem sendo este instituído pela Lei nº 12.711/2012, conhecida como Lei de Cotas, que determina que as instituições federais de ensino superior devem reservar, no mínimo, 50% das vagas de cada curso para estudantes que tenham cursado todo o ensino médio em escolas públicas. Dessas vagas, pelo menos metade deve ser destinada a estudantes com renda familiar per capita igual ou inferior a um salário-mínimo e meio, e a outra metade é destinada a estudantes de qualquer renda. Além disso, a Lei de Cotas prevê a reserva de vagas para pessoas com deficiência e para pessoas autodeclaradas pretas, pardas ou indígenas, seguindo as proporções desses grupos na população de cada estado brasileiro. Essas cotas também são aplicadas em programas do governo federal, como o Programa Universidade para Todos (ProUni) e o Fundo de Financiamento Estudantil (FIES). No presente trabalho, realizamos uma análise estatística dos dados dos participantes do ENEM, abrangendo o período de 2012 a 2021. Nosso objetivo foi investigar a evolução do desempenho dos participantes, comparando as notas dos cotistas e não cotistas. Nossos resultados reforçam a importância da existência de cotas, pois evidenciam as desigualdades presentes no acesso ao ensino superior no Brasil.